Em um gesto raro e grandioso de generosidade dentro do movimento junino brasileiro, a Quadrilha Junina Garranxê, de Boa Vista (RR), firmou uma importante parceria com a Junina Gonzagão, de Arapiraca (AL), durante o Campeonato Brasileiro de Quadrilhas Juninas, realizado recentemente em Alagoas. Reconhecida por sua excelência cênica e criatividade, a Garranxê emocionou o público ao conquistar o vice-campeonato brasileiro com o espetáculo “A Lágrima que Floresce” — e, para além do título, emocionou também por sua atitude.
Demonstrando um profundo espírito de coletividade e compromisso com a cultura popular, a Garranxê doou toda a sua cenografia, adereços e elementos cênicos à Gonzagão. Uma atitude que reforça que o verdadeiro brilho de uma quadrilha não está apenas nos troféus, mas na capacidade de transformar a arte em ponte, e não em barreira.

“Sabemos o quanto é difícil manter um grupo de quadrilha junina em pé diante de tantos obstáculos e da falta de apoio. Muitos coletivos culturais precisam apenas de um incentivo maior para florescer. Se podemos ajudar, faremos isso sempre com alegria. Essa doação representa nosso compromisso com a cultura e com a coletividade junina”, afirmou Karina Ferreira, presidente da Garranxê.
A ação da Garranxê não apenas engrandece sua trajetória como grupo, mas também lança luz sobre a importância da união entre as quadrilhas juninas, principalmente em tempos de desafios financeiros e falta de apoio institucional. É o tipo de atitude que fortalece todo o circuito cultural e inspira outras iniciativas colaborativas Brasil afora.
Para Netinho Cavalcante, presidente da Junina Gonzagão, o gesto foi recebido com emoção e entusiasmo. “Fechamos 2025 com chave de ouro e começamos 2026 já com uma injeção de ânimo. Quando recebemos todo o material, chamei imediatamente nosso projetista George Araújo para iniciar a adequação ao nosso novo tema. Esse presente nos inspira e nos encoraja a sonhar ainda mais alto”, declarou.
A parceria abre caminho para uma possível troca cultural ainda mais intensa entre os grupos. Será que veremos em breve a Garranxê dançando no Arraiá do Gonzagão, em Arapiraca? Ou a Gonzagão levando sua energia até o São João de Boa Vista? O que é certo é que a união entre os dois grupos representa um exemplo poderoso de como o São João brasileiro vai muito além da competição: é celebração, partilha e pertencimento.
Que essa ponte entre Roraima e Alagoas floresça tanto quanto a lágrima que emocionou o Brasil.